Carcaça

Sou dona de um gingado exclusivo,
gingado esse que não pratico
mas que sei ter herdado de meus ancestrais

sou beleza que desafia o poeta afixionado em alvura
então vai poeta me escreva um verso de doçura,
não me retrate como pecado como sempre o faz

além do inerente samba no pé trago livros na mãos
fugindo da estatística tornei-me exceção
surpreendendo aqueles que tem como hábito pré-julgar

correr de estereótipos é lazer de fim de semana
pois pra mim de raça só há a humama
e nada além disso vai me interessar

então me olha, me ama, me aceita
branca, amarela, verde, roxa ou negra
e entenda que pra ser feliz basta se libertar



Renata.

Um comentário:

Márcio Ahimsa disse...

Longa Milonga

Da carcaça que caça e se faz praça em nós,
fica apenas o lado oblíquo
da nossa irreverência
estendida como um varal de boas vindas
no fundo do quintal.
Da casca que se abre depois das onze,
apenas procuramos o limite tolhido
pelos carrapichos e capins
na pequena trilha que dará fim ao início
da nossa procura,
à cura da nossa loucura,
postura ao limitado.
Surto é estar entre iguais
“quando um monte de se junta para não dizer nada em especial”
e ainda fazer um pedido entre parênteses
na ante véspera da vida
encoberta pelos curtos panos
de uma saia.

Márcio Ahimsa
21/04/08